Igreja Presbiteriana de Jataizinho


Pr. Tiago Araujo

Espiritualidade Cristocêntrica

Espiritualidade Cristocêntrica

 

A Igreja Cristã sempre enfrentou embates no decorrer de sua história, seja quando questionada pelas ciências, ou mesmo quando foi desafiada por seus próprios arautos, como aconteceu no período da Reforma Protestante. Isso se deve ao fato da Igreja, mesmo sendo um projeto Divino, estar nas mãos de homens pecadores. Poderia ser diferente? Sim, mas na sua sabedoria aprouve a Deus permitir que se levantasse uma liderança humana, sobre a qual pesa a responsabilidade e privilégio de conduzir a Igreja. Apesar de instituição humana, a Igreja deve ser dirigida como projeto de Deus, onde se pode experimenta as verdades do Evangelho e principalmente a realidade de Corpo de Cristo e Família de Deus, o que por sua vez produz uma espiritualidade saudável.

É justamente neste sentido que a Igreja precisa constantemente rever seus valores e seus rumos, para não correr o risco de se desviar de sua origem e natureza Cristocêntricas e acabar humanizada demais e se desviando em sua caminhada. Quando lideranças passam a enfatizar práticas espirituais legalistas e proibitiva sem o devido entendimento bíblico-teológico, ou quando passam a negociação espiritual por milagre, barganhando a “bênção” por “cifras” em dinheiro, ou ainda, quando pessoas se levantam para determinar qual denominação pode ser a porta de salvação em Cristo (o que em si é uma contradição, já que a salvação é em Cristo), ela passa à sofrer distúrbios graves em sua espiritualidade.

Pode-se observar um outro aspecto negativo, ou seja, a espiritualidade avaliada e medida a partir de números e cifras, onde as personalidades passam a ser mais importantes do que a própria comunidade cristã. É notório as pessoas deixarem determinados ministérios para pertencerem a Igreja do tal “fulano” da televisão, dos grandes “Xamãs” deste século. Isso aponta algumas áreas que precisam ser tratadas para haja o retorno a uma espiritualidade cristocêntrica na Igreja atual.

Portanto, é preciso vencer alguns desafios para que se experimentar uma espiritualidade cristocêntrica. O Primeiro desafio a ser vencido é o da Integridade. Na Bíblia pode ver visto que o caráter é mais importante do que todo o resto, ou seja, ainda que as conquistas sejam grandes e belas, Deus deixou registrado que para Ele a intenção vale mais do que o resultado da ação, lê-se: porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração (1Samuel 16.7). Torna-se necessário uma avaliação na motivação espiritual para romper com qualquer tipo de barganha no relacionamento com Deus, para que assim, o relacionamento com Ele não se torne egoísta e interesseiro.

O segundo desafio para uma espiritualidade cristocêntrica é o da consciência. De maneira geral, o homem pós-moderno faz parte de uma geração com grande tendência a alienação, seja por causa da evolução tecnológica que possibilita mais relacionamentos a distância por meio de redes sociais, ou pela hipnose dos programas televisivos, tornando as pessoas mais ligadas as TV´s do que à vida real.

A espiritualidade precisa buscar sua identidade e o entendimento de sua fé. Hoje se faz necessário uma grande reforma da consciência, para que não se acostume a uma vida evangélica vazia e alienada, onde a vida com Deus se resume a grandes concentrações de “fé”, mas, por outro lado não seja capaz de dar razão de sua fé. Ser evangélico deve ser não porque alguém frequenta uma Igreja e sim por causa do Evangelho, de sua mensagem e da prática à que ele conduz e desafia a todos os crentes.

O terceiro desafio, para uma espiritualidade cristocêntrica, é o missionário. A espiritualidade precisa despertar na vida da Igreja a identidade missionária. Cada cristão é chamado por Deus para participar e contribuir com o projeto transformador de Deus no mundo. É preciso romper com a espiritualidade de “gueto” a qual leva a um caminho de adoração egocêntrica e a uma suposta vida cristã desconectada da realidade e da comunidade.

A espiritualidade precisa ser missionária no sentido solidário, onde se passa a olhar para fora de si mesmo e enxerga o quanto é possível contribuir a partir da fé, dos recursos, das habilidades, e que se pode fazer, por causa e para a causa do Evangelho de Cristo, um mundo melhor, mais agradável e mais justo para se viver. Jesus determina sua missão a partir das palavras do profeta Isaías, dizendo:

 

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. (Lucas 4.18-19).

 

Logo, a espiritualidade sendo cristã precisa também expressar este caráter missionário presente na vida do próprio Cristo, o Messias enviado de Deus ao mundo para salvação do mundo que Ele tanto ama.

A espiritualidade cristocêntrica é missionária. O grande desafio é ser Igreja como projeto de Deus, marcada por uma espiritualidade que revele o Cristo encarnado, ou seja, que em cada atitude e palavra possa se revelar os ensinamentos, o poder e a transformação que este Cristo é capaz de produzir na vida de todo aquele que nele crê.

Portanto, o desafio que fica a Igreja é o de viver uma espiritualidade cristocêntrica em nossos dias, a qual passa pela integridade no que diz respeito ao seu caráter, pela consciência no que se refere a sua fé, e, pela missão, no tocante a sua prática.

Pela coroa real do Salvador, para glória de Deus e por uma Igreja mais fortalecida é possível e necessário que se vença os desafios dos tempos atuais vivendo cristocêntricamente a espiritualidade.